
Boas vindas à nossa resenha da 1ª temporada de Devil May Cry da Netflix! A produção estreou no início de abril de 2025 e gerou muitas polêmicas nas redes sociais em relação à fidelidade aos jogos de origem, produzidos pela Capcom. Como vocês podem ver pelo título, eu achei o anime bom e bem produzido, mas é inegável que virou uma espécie de fanfic, da mesma forma que as adaptações em anime de Castlevania da Netflix que ficaram excelentes mas pura fanfic dos jogos.
A série entrega ação de qualidade, visual estiloso e momentos empolgantes, mas quem é fã mais hardcore vai notar várias liberdades criativas que a galera da produção resolveu tomar. E é aí que começam as polêmicas: personagens com atitudes diferentes do que a gente conhece, acréscimos meio duvidosos na lore e algumas mudanças no tom geral da história que vão deixar muita gente dividida.
Hoje, estou aqui pra falar um pouco mais sobre o que se trata e trazendo alguns pontos de porquê virou fanfic, mas evitando grandes spoilers pra não estragar a experiência de quem ainda não assistiu. Jackpot!

Ficha Técnica
Criador: Adi Shankar
Roteiro: Alex Larsen, Adi Shankar
Produtoras: Studio Mir, Adi Shankar’s Bootleg Universe
Disponível exclusivamente na Netflix
Lançamento: 3 de abril de 2025
Sinopse:
Um vilão misterioso ameaça abrir os portões do inferno. Agora, as esperanças de salvação caíram todas na mão de um caçador de demônios bonito feito o diabo.
Netflix
O enredo de fanfic do anime

Na própria sinopse, vemos que um vilão misterioso ameaça abrir os portões do Inferno. Mais especificamente, é o White Rabbit, aquele coelho branco que vimos poucas vezes na franquia anteriormente. Coelho encapetado, claramente inspirado em Alice no País das Maravilhas. No decorrer dos episódios, a gente vê ele fazendo vários planos para alcançar seus objetivos, manipulando situações nas sombras, mas sempre com Dante e Lady aparecendo para estragar tudo e dificultar os avanços dele. A dinâmica entre o vilão e os protagonistas acaba funcionando bem, trazendo aquela clássica sequência de confrontos diretos e indiretos que vai se intensificando até os momentos finais.
A fanfic, porém, começa na forma que Lady e Dante se conhecem, completamente diferente dos jogos. E esse é um ponto que pode pegar tanto os fãs mais atentos quanto os mais casuais de surpresa. Você, leitor, vai ver galera reclamando de “lacração” só porque Lady teve um certo destaque, como se Dante não tivesse várias amigas importantes nos jogos. Mulheres fortes que (alguns gostando ou não) fazem sim parte da história de Dante. Minha reclamação vai para outro lado: é apenas sobre a diferença de como os dois se conheceram e a personalidade deles, que aqui foi levemente alterada. Fica aquela sensação de que a essência dos personagens está lá, mas foi ajustada para caber melhor na nova narrativa (ou vai lá entender os motivos da produção).
Outro detalhe. Gostei da motivação do White Rabbit. Uma motivação que não colocarei aqui para não entregar muito spoiler, mas é daqueles vilões que você quase dá a razão para eles. O famoso “ele está errado, mas dá pra entender”. O porém é que ele deveria ter sido o único demônio com essa motivação mais humana, pois nos jogos os demônios não possuem essa profundidade toda. São cruéis e pronto. Isso sempre fez parte da identidade de Devil May Cry, e é justamente essa ausência de empatia que torna os confrontos tão impactantes.
A minha sensação? Bom, aparetemente, é que a produção quis aproveitar os demônios para fazer uma abordagem inspirada nos povos reais que sofrem com racismo e xenofobia, o que funcionaria melhor em outra obra. Sei lá, qualquer obra com esse tipo de proposta. Em Devil May Cry, por mais que tenha ficado bem trabalhado dentro do que a série propôs, não é algo que os fãs esperavam. A gente já acostumou com a crueldade demoníaca dos jogos, sabe? Aquela maldade sem justificativa, que só existe pelo prazer da destruição, e que combina muito mais com o universo original. Nem todo mundo quer vilões com razões justificáveis.
Mais um ponto que deu sensação de fanfic para os fãs foi o estilo comédia demais do protagonista Dante. Óbvio que ele sempre foi o estilo Livin’ La Vida Loca, comendo um pedaço de pizza e ouvindo rock enquanto atirava em um demônio. Isso é parte do charme do personagem desde sempre. O estilo comédia que digo aqui são os momentos de pura lerdeza do Dante, como se ele tivesse virado um alívio cômico em vez de um protagonista carismático com tiradas irônicas e postura confiante. A diferença é sutil, mas perceptível pra quem conhece os jogos. Em vários trechos ele parecia mais perdido do que sarcástico, o que acabou tirando um pouco do peso da presença dele em cena.
E aí entra outro problema: a dublagem. A voz escolhida simplesmente não combinou com o Dante. Convidaram dubladores acostumados a interpretarem heróis de anime shounen de fantasia, o que talvez funcionasse em outro tipo de personagem, mas aqui ficou completamente fora de tom. Até minha mãe, que não joga Devil May Cry (ela é do time God of War), assistiu o anime comigo e comentou que tinha hora que parecia estar vendo One Piece, graças à voz “igual do Luffy” que colocaram no Dante. Isso já diz muito. Não que o dublador seja ruim (longe disso, o profissional é excelente), mas claramente a escolha não casou com o tipo de protagonista que Dante sempre foi. Faltou aquela voz com mais maturidade.
Vou parar a resenha por aqui, para não entregar mais spoilers do que vocês já devem ter visto por aí na internet. Mas quem viu o anime, possivelmente, vai concordar com muitos pontos que citei até agora. E é interessante notar que o anime está com uma pontuação boa no IMDb, com cerca de 16 mil pessoas votando e dando uma nota de 7,5 no total (sendo 10 o máximo). Isso já mostra que, apesar das polêmicas e das mudanças em relação aos jogos, a produção é sim boa. Tem um bom nível de qualidade, com momentos bem feitos e uma estética interessante. Porém, ao mesmo tempo, dá pra perceber que poderia ser ainda melhor. Faltaram algumas coisas pra atingir o nível dos jogos, e a sensação é que, com mais cuidado e um pouco mais de fidelidade, a série poderia ter se tornado algo ainda mais marcante, conquistando de vez os fãs mais exigentes.
Trailer da 1ª temporada de Devil May Cry
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